NORTE DA ITÁLIA COM A FAMÍLIA: VENEZA.

Nossa viagem foi assim:
Época: março ***
Hotel: Luna Baglioni *****
Faixa etária das crianças: 7-9 anos ****; 13-15 anos *****


Eis que chegou a hora, tão esperada pelas crianças, de ir a Veneza: uma cidade sem carros e sem trânsito, uma cidade que vai afundar, uma cidade onde se usam máscaras estranhas no Carnaval... Eram essas as impressões dos meus filhos sobre esta cidade, toda ela patrimônio da humanidade. Para quem não leu nosso post anterior, nossa viagem começou em Milão, onde visitamos Verona e Como. Se você quiser ler o post, clique aqui.

O trem percorre o trecho desde Milão em duas horas e quarenta minutos. Vale o primeiro alerta: há duas estações de trem com o nome Veneza: Veneza Mestre e Veneza Santa Lucia. Veneza Mestre fica no continente, Veneza Santa Lucia é a estação correta para quem pretende se hospedar na própria Veneza – de Mestre a Santa Lucia, o trem percorre 4 km numa ponte sobre a Laguna de Veneza, no mar Adriático.


Descendo em Santa Lucia você estará na Piazzalle Roma, em uma das inúmeras ilhas que compõem este arquipélago conhecido por Veneza. Aqui já não há mais carros ou ônibus. Somente barcos: gôndolas, vaporettos, traghettos.... Tomamos um táxi (aquático) até nosso hotel que ficava às margens do Grand Canal, ao lado da Piazza de San Marco. Mas cuidado: uma simples corrida de táxi de 15 minutos pode custar até 70 euros; negocie antes de embarcar. Havia outras opções: andar cerca de 30 minutos ou pegar o ônibus aquático ou vaporetto. Eles funcionam em itinerários determinados e partem de estações bem sinalizadas, semelhantes às estações de metrô. O custo: cerca de 6,50 euros por pessoa por trecho. Seja qual for o seu orçamento, a dica é usar o Google Maps para determinar a distância até seu hotel e, levando em conta distância, mala, cansaço e condições do tempo, determinar a melhor opção.


Hotel Luna Baglioni.
Para nossa estadia escolhemos o Hotel Luna Baglioni, muito confortável, elegante, e bem localizado: a alguns passos da Piazza de San Marco, por onde começamos nossa visita. Existem inúmeras possibilidades de hospedagem na cidade, incluindo pequenas pousadas e opções mais econômicas no continente (Veneza Mestre).


A cidade estava muito movimentada, afinal era a semana do Carnaval, apesar de a maior parte do agito já ter terminado na quarta-feira de Cinzas. Para quem não sabe, o Carnaval é uma tradição em Veneza, onde até hoje são inúmeras as festas e celebrações em que usam-se as famosas máscaras venezianas, adotadas para manter anônimos os rostos dos foliões.


Piazza San Marco.
Encontramos a Piazza San Marco em obras – estão construindo uma série de comportas submersas para tentar conter a subida da maré, o chamado projeto MOSE. O resultado: buracos e tapumes por todo lado. É sabido que Veneza ameaça afundar sob a “acqua alta”, uma inundação periódica resultante da subida da maré e do afundamento dos alicerces de madeira, mas o projeto está longe de ser unanimidade. Há os que apontam para potenciais e sérios problemas ambientais. O certo é que a “acqua alta” é uma realidade que você pode vivenciar, se optar por visitar Veneza entre outubro e novembro – o nível da água pode aumentar muito e a praça inunda! A prefeitura costuma construir pontes de madeira para permitir o acesso dos turistas...mas a experiência não deve ser das melhores. Você pode consultar este site, que prevê as marés na cidade com cerca de 72 horas de antecedência e providenciar as galochas se necessário.


Basílica di San Marco.
A atração central da praça, a Basílica di San Marco, tem fila para entrar! Lá dentro, um aviso: dizem as estatísticas que é o lugar mais frequente para furtos tipo “bate-carteira” na cidade, atente para seus pertences! E mais um: não se pode entrar com bagagem ou grandes mochilas. A basílica é “antiquiquíssima” e toda decorada em mosaicos com uma rica arquitetura bizantina. Dentro da igreja você pode optar por manter-se nas áreas abertas à visitação gratuita, ou pagar para ver as relíquias aqui guardadas: há três opções com custo adicional – a visita ao “tesouro” ou relíquias, a visita ao museu (que inclui a subida até o balcão superior, loggia) e a visita ao retábulo do altar, conhecido como “Pala d’Oro”. Pulamos o “tesouro”, mas investimos para ver a Pala d’Oro, feita em Constantinopla em cerca de 1105, toda em ouro e pedras preciosas.

Cavalos da Basílica.
Finalmente, visitamos o museu, subindo ao balcão, onde ficam os famosos cavalos de San Marco. Na  verdade, estes cavalos de metal, datados da Antiguidade, foram trazidos pelos cruzados de Constantinopla e estão guardados dentro da igreja/museu – o que se avista no balcão pelo lado externo da basílica são réplicas. A vista da Piazza é impressionante e permite que você observe com cuidado os monumentos à volta: a torre do sino, o relógio de sol, a escultura do leão alado, símbolo de San Marco, o palácio (Pallazo Ducalle), o Grand Canal. Há diversos pontos onde, por uma moeda de 1 ou  2 euros, você pode ouvir uma descrição desses monumentos.


Na saída, paramos para um café na Piazza, em um dos muitos tradicionais estabelecimentos. Como era inverno, não havia música ao vivo, nem muitas mesas ao ar livre ou profusão de gente, mas mesmo assim os preços continuavam abusivos. Pagamos 24 euros por 2 cappuccinos: no preço estava incluso o famoso coperto italiano, que você paga apenas para sentar! Para você ter uma ideia, um cappuccino normal em qualquer lugar fora da Piazza custa cerca de 5 euros, menos da metade do preço... Da Piazza andamos, seguindo as orientações dos pequenos sinais pintados nas fachadas, que indicavam a direção da Ponte da Academia, que cruza o Grand Canal. Se Verona já era um museu a céu aberto, não há mesmo palavras para descrever Veneza.


Cruzando a ponte da Academia, seguimos as orientações para a igreja de Santa Maria della Salute. Trata-se de um maciço de mármore branco, construído pelos venezianos para pedir proteção contra os males e as mortes causadas pela peste que acometia a Europa. Dali avista-se a Piazza de San Marco do outro lado do canal.

Concerto na igreja de San Vidal.
 Na volta, uma parada no interessantíssimo acervo do museu Peggy Guggenheim, localizado na casa (um palazzo) onde Peggy viveu e morreu, deixando para trás sua coleção de arte moderna de valor inestimável. Em seguida, uma corrida de vaporetto até a Piazza de San Marco, examinando os muitos palazzos às margens do canal, vários deles abandonados, todos de uma beleza singular. Caminhamos até a ponte do Rialto, a mais famosa e a primeira de todas a cruzar o Grand Canal. A essa altura já era noite, e aproveitamos um festival de música clássica na igreja de San Vidal, onde uma orquestra de cordas brindou-nos com as Quatro Estações de Vivaldi. As crianças curtiram a atmosfera e a música, surpreendendo-nos com sua capacidade de se concentrar e aproveitar.


Passeio de gôndola.
No dia seguinte resolvemos experimentar o famoso passeio de gôndola, um passeio por roteiros pré-programados. Os gondoleiros, um pouco mais de 400 no total, herdam o título e a gôndola – o nosso era da nona geração de gondoleiros de sua família. O passeio é caro, cerca de 80 euros para o tour mais barato. Você pode acrescentar todo tipo de extra: músicos, prosecco, e o custo vai aumentando. Há vários pontos de parada dos gondoleiros; você negocia e paga antes de embarcar. Se preferir, pode pedir ao concierge do seu hotel uma reserva com o roteiro e os extras que escolher em um horário determinado. Durante o passeio, para um máximo de seis passageiros, os gondoleiros vão atrás, em pé, guiando a gôndola (sempre preta e ricamente adornada) pelos estreitos canais e apontando as principais construções à volta. É o típico passeio bizarro, absolutamente turístico, mas que você sente que precisa tentar, pelo menos uma vez!


Havia ainda tanto a ver, mas o tempo foi pouco... Você consegue facilmente passar uma semana em Veneza, estendendo sua visita às ilhotas mais distantes, como Murano, onde são soprados os objetos de vidro mais espetaculares. Antes de partir, se quiser dispor de 15 euros (cada um), vá saborear o autêntico Bellini do Harry’s Bar, um drink que mistura prosecco com suco natural de pêssegos rosados. O bar de Giuseppe Cipriani, antigo reduto de Ernest Hemingway, está sempre muito lotado de turistas e não serve cerveja ou vinho, apenas drinks, mas, afinal, você não vai ser louco de ir até lá e não pedir um Bellini, combinado? A porção de azeitonas está incluída.


Ponte Rialto.
E, se você se animar com os tais vidros de Murano ou as lojas de grife, saiba que o turista pode receber de volta o imposto sobre vendas, que pode chegar a 20% do valor da compra. Bem ao lado da Piazza de San Marco, na frente da boutique Chanel, há um quiosque de reembolso de imposto. Para ter direito, você precisa pedir ao vendedor que emita um formulário específico discriminando o valor da mercadoria e o valor da taxa. De posse do documento, do cartão de crédito usado na compra e de um documento com foto, você recebe na hora, em cash, o valor integral do imposto. Mas tem uma pegadinha: você recebe também um formulário que precisa ser carimbado no aeroporto no setor específico – para tanto, é necessário estar com os bens adquiridos em mãos, pois o agente pode pedir (e pediu) para vê-los. Assim, nada de despachar a mala antes ou colocar tudo lá no fundo! Uma vez carimbado o formulário, ele precisa ser lacrado no envelope respectivo e depositado em uma caixa de correio específica e sinalizada bem na frente do escritório de inspeção. Se você embarcar sem carimbar ou postar o tal formulário, a empresa cobra seu cartão de crédito pelo valor total pago a você em dinheiro.


Veneza é conhecida como La Sereníssima, mas não tem quase nada de serena se você ficar concentrado nos pontos turísticos apenas. Permita-se explorar sem destino e você vai encontrar as mais inusitadas paisagens nesta cidade única.

Um balanço geral da viagem...

Acredito que Verona é mais interessante como base para explorar a região do que Milão. A cidade é mais típica, menor, mais fácil de andar e a hospedagem, mais barata. Nós ficamos 5 noites em Milão e 2 em Veneza, numa viagem de uma semana. Se pudesse planejar tudo de novo, ficaria apenas duas noites em Milão para ver as atrações mencionadas (no máximo 3, se fosse para ver um jogo de futebol), de lá partiria para Verona para mais 2 noites, e depois direto de Verona a Veneza.

O Lago de Como fica como uma opção para as visitas na primavera ou verão e pode ser um passeio de um dia, tanto de Milão como de Verona, ou uma viagem curta com pernoite, para os que não se incomodam em trocar de hotel mais frequentemente. Há outras cidades que podem completar o roteiro como Bologna e Módena (onde pode ser visitado o museu da Ferrari). Muitas pessoas ainda incluem Florença no roteiro do norte da Itália, apesar de a cidade estar a cerca de 320 km de Milão e apenas 220 km de Roma.

E para os que estiverem se perguntando sobre o tal show que deu origem a toda esta viagem: o grupo Maroon 5 cancelou totalmente sua turnê europeia menos de 48 horas antes de seu início, porque o vocalista resolveu participar de um seriado de TV nos Estados Unidos, num ato de desrespeito aviltante com os fãs, alguns dos quais, como nós, ainda nem conseguiram receber seu dinheiro de volta. Substituímos os Maroons tratantes por um lindo jantar em Veneza, ficando com a certeza de ser o norte da Itália um destino que nossa família, definitivamente, recomenda!

Post gentilmente revisado por A.K.Arahata.


Comentários

  1. Estou indo com minha familia para Veneza , poderia me informar qual nome do restaurante em Veneza ?
    Obrigado
    Adriano / Rio de janeiro

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  2. Poderiam me informar o nome do restaurante em Veneza?
    Pois estou indo com a minha familia em julho agora.
    Obrigado Adriano
    Rio de janeiro

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  3. ÉRIKA MEL09 agosto, 2013

    Parabéns! Ele é o melhor post sobre Veneza que li até agora...
    =)
    ÉRIKA MEL

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  4. Adorei! Já fui pra Veneza em excursão e sem filhos. Desta vez, iremos com filhos e por nossa conta. 0 mais novo com 4 anos. Levaremos carrinho pra ele...queria conselho: melhor ficar em alguma cidadezinha perto, não? Fiquei imaginando malas, carrinhos, crianças...da outra vez fiquei em Veneto. Alguma opinião pra me dar?! :)

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    Respostas
    1. Vanessa, a Itália não é muito acessível para pessoas em rodinhas... Se for levar um carrinho, que seja um bem compacto (que você possa fechar ao entrar na balsa, por exemplo), e que possa ser deixado num cantinho quando você quiser acessar algum lugar onde ele não entra. E, se sumir, você não fique triste. Então, um bem baratinho mesmo.
      Se você tiver cacife para se hospedar em Veneza mesmo, é a melhor opção porque dá pra fazer tudo a pé e voltar para o hotel quando precisar.
      Se a viagem for mais longa, pode escolher dois lugares para hospedagem: alguns dias em Veneza (não no continente), e alguns dias em alguma das cidadezinhas do continente, que você vai usar como base para ir e voltar todos os dias de outras cidades (pode até ser Milão). Não aconselharia mudar mais do que uma vez de hotel, pois dá muito trabalho e perde-se muito tempo.

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