Nossa viagem foi assim:
Época: janeiro *****
Hotel: Cruceros Australis - Via Australis ****
Idade das crianças: 10-12 *****
Em janeiro realizamos um antigo sonho e fomos conhecer a Patagônia. Iniciamos nossa viagem com um cruzeiro até o Cabo Horn, o último pedaço de terra antes da Antártida - literalmente o fim do mundo! Escolhemos o itinerário do Cruceros Australis que se inicia em Ushuaia e termina em Punta Arenas, mas há disponibilidade também para fazer o inverso.
Clique aqui para ver nossa postagem com dicas práticas sobre o cruzeiro.
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Ushuaia
Chegar a Ushuaia 1 dia antes de seu embarque no cruzeiro é imprescindível. Como fechamos tudo com a agência Maktour, ao chegar à cidade fomos recepcionados por uma guia local. Foi uma boa, pois ela nos ofereceu um passeio para a manhã seguinte, em que não tínhamos nada programado. O check-in para o cruzeiro estava programado para as 10 da manhã, mas transferimos para as 13h a fim de fazer o passeio sugerido por ela.
O passeio não era lá muito barato, mas como não resistimos a conhecer um lugarzinho novo quando temos um tempinho livre em nossas viagens, lá fomos nós para o Parque Nacional e ao Tren del Fin del Mundo.
O tempo amanheceu horroroso, nublado e com uma chuvinha fina. Esse foi o dia mais frio de toda a nossa viagem, sem dúvida. Ushuaia fica bem ao sul, e o tempo vira várias vezes ao dia, literalmente as 4 estações do ano em poucas horas! Então, mesmo que você saia para o passeio com um sol glorioso, leve sempre um casaco impermeável. Nós nos vestimos como se fôssemos esquiar (friorentos!) e enfrentamos chuva, vento e frio sem problema algum.
Basicamente foi um passeio de van, com algumas paradas no Parque Nacional e caminhadas bem leves por trilhas bem demarcadas, com corrimões e decks de madeira. A beleza do lugar é impressionante, realmente vale a pena conhecer. Não é necessário ir com guia: uma pesquisa básica em guias e internet deve bastar para você fazer o passeio por conta própria.
O Tren del Fin del Mundo está anunciado amplamente em todos os hotéis e pontos turísticos, mas é um passeio meio fraquinho. A chuva atrapalhou muito a visibilidade das janelas. No áudio durante o passeio, eles contam uma história sobre como o trem era usado para carregar prisioneiros para as matas, a fim de derrubar árvores. No entanto, o trem usado não era este, e até os trilhos eram outros. Não existe registro fotográfico ou outros remanescentes da história, então ela é basicamente... uma história.
Isso foi o que conhecemos de Ushuaia. Se tiver mais 1 dia, vale a pena fazer uma navegação pelo Canal de Beagle, e subir no teleférico da cidade para ver a vista lá de cima.
Cruceros Australis
Agora vamos contar pra você um pouquinho das maravilhas que vimos em 5 dias a bordo. Se quiser ler primeiro nossas dicas práticas para reservar e curtir melhor o cruzeiro, clique aqui.
O itinerário de nossa saída iniciou-se em Ushuaia. Para chegar ao Cabo Horn é necessário descer e voltar pelo mesmo caminho até Ushuaia. Em seguida o cruzeiro dá uma volta em parte da Cordilheira Darwin, onde estão alguns dos maiores glaciares da Terra, entra no Estreito de Magalhães e segue para o norte em direção a Punta Arenas.
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Imagem: www.australis.com |
No cruzeiro, todos os desembarques e passeios são coordenados e operados pela própria equipe do cruzeiro. O mesmo funcionário que você vê arrumando as cabines pela manhã, estará sorridentemente na proa do navio ajudando você a embarcar nos Zodiacs, e novamente como "guia" nos passeios em terra.
O itinerário do cruzeiro é tão ermo
que não há nenhum tipo de estrutura, operadores terceirizados para executar os
passeios ou meios de locomoção nos locais de parada. Daí a tripulação
multitarefa ter que fazer tudo em todos os lugares. Em alguns momentos você se
sente na Fantástica Fábrica de Chocolates, cercado por oompa loompas: para onde
quer que olhe vê sempre os mesmos rostos!
É de se reconhecer o empenho e
dedicação de todos, mas como ninguém pode fazer tudo bem feito, em algum lugar
haverá alguma falha. E é como guias dos passeios que alguns dos tripulantes mais deixam
a desejar, pois nem todos têm treinamento, formação ou conhecimento suficiente para
desempenhar a tarefa.
Questões logísticas à parte, como o
cruzeiro passa por paisagens incríveis, as paradas também são. Veja nossa
opinião e experiências em cada uma delas (consideramos o dia do embarque no
cruzeiro como dia 1).
Dia 2: Cabo Horn ***
É um pouco surpreendente que o fim
do mundo seja apenas uma ilha como qualquer outra, castigada pelas ondas,
coberta pela relva, com um farol no topo. Chegamos ao famoso Cabo Horn às 6:30
da manhã, saímos da cabine morrendo de sono e de frio, vestidos até as orelhas
e de posse dos coletes salva-vidas. Após uma longa espera no bar, fomos
informados de que, devido aos ventos de 100km/h, não seria possível desembarcar
no Cabo Horn.
No momento do aviso, chacoalhávamos
de um lado para o outro devido ao mar que estava bastante agitado. Aliás, até
chegar ao Cabo Horn a navegação está longe de ser tranquila, prepare-se para
algumas horas de bastante balanço durante a noite.
Ficamos desapontados por não poder descer na ilha, mas alguns passageiros (especialmente os friorentos e as crianças) ficaram até aliviados. De todos, temos certeza de que os mais chateados eram os habitantes do Cabo Horn. Isso mesmo! O exército do Chile manda sempre um oficial com sua família para passar 1 ano, em revezamento, na ilha mais remota do planeta. Quando você recebe visitantes em sua casa apenas 1 ou 2 vezes por semana, toda vez que as condições impedem o desembarque você tem certeza de que não vai ver outras pessoas por uns bons dias!
Em todo caso, se na sua vez o
desembarque no Cabo Horn acontecer, não deixe de se agasalhar bastante, pois o
vento é forte e o tempo pode mudar repentinamente, trazendo mais frio e chuva.
Dia 2: Baía Wulaia *****
É um dos pontos de desembarque mais
bonitos do cruzeiro. Você chega a uma praia de seixos repleta de algas e aves
marinhas, digna de uma cena de documentário. Há uma casinha com um suposto
museu do Darwin, pois essa região da Patagônia foi uma das que ele visitou em
suas viagens. O museu é bem fraquinho, mas a trilha que começa bem ao lado dele
é deslumbrante. Os passageiros são divididos em grupos e cada um segue um guia
diferente.
A bordo do navio, no briefing desse
desembarque, os guias vão te dizer que a caminhada é difícil, mas depois de
fazê-la podemos dizer que não é tudo isso. Dá pra ir até com crianças menores, desde que sejam bem dispostas.
A vista do topo é inesquecível, uma baía cinematográfica com o navio ancorado
bem no meio. A subida não chega a ser dificílima, mas pode dar um calorzinho,
então não se agasalhe muito para essa saída, ou vai ter que ficar carregando
seus casacos metade do caminho.
Um lugar bem interessante para as
crianças é um dique de castores abandonado, que atesta a destruição que esse
roedor pode causar. Provenientes do Canadá e introduzidos por criadores
interessados em sua pele, no início do século passado, ele se tornou uma
verdadeira praga na Patagônia por não possuir predadores como os ursos. O cenário
que deixaram para trás parece uma zona de guerra onde explodiu uma bomba! Não
sobrou uma única árvore inteira.
No final da caminhada, como em
todos os passeios, uma mesinha com chocolate quente, refrigerantes e uísque
espera por você antes do embarque. Nossa sugestão é o chocolate com um
pouquinho de uísque pra amenizar o friozinho.
Dia 3: Glaciar Pia *****
Esse foi o primeiro glaciar que visitamos durante o
cruzeiro. Você só desembarcará em dois glaciares: o Pia e o Aguila. Os demais
são vistos somente a bordo do navio ou dos zodiacs. Assim, apesar de não ser o
glaciar mais bonito da expedição, não perca a oportunidade de chegar bem
pertinho dele e sentir o poder desse rio de gelo em constante movimento. O
navio, em seu itinerário, dá a volta na Cordilheira Darwin, cujo centro é
formado por um dos maiores blocos de gelo do planeta. Esse gelo vai
“escorrendo” pelos vales da montanha, e desemboca no mar em diversos pontos,
onde é possível visitar os diferentes glaciares e testemunhar sua intensa
atividade.
O Glaciar Pia foi o mais ativo que vimos: presenciamos nada
menos do que três grandes desprendimentos de gelo. O barulho é semelhante a um
trovão ou um avião passando bem perto, e a onda produzida pelos grandes blocos
de gelo é impressionante.
Gelo se desprende do glaciar provocando uma onda impressionante. |
Depois de observar o glaciar bem de perto, você poderá fazer
uma caminhada de uns 20 minutos e chegar a um ponto onde poderá vê-lo mais de
cima, e onde presenciamos mais 2 quedas de gelo:
O uísque no final desse passeio é especial: vem com uma
pedrinha de gelo do glaciar. Teria sido ainda melhor se no lugar do Red Label
estivesse um Black, ou, melhor ainda, um Royal Salute... Mas não deixou de ter seu encanto, um final
delicioso para um passeio inesquecível.
Dia 3: Glaciar Garibaldi **** ou visita à cachoeira
Na parte da tarde, os passageiros têm duas opções: podem
desembarcar e fazer um trekking bem aventureiro e radical até uma cachoeira, ou
então permanecer a bordo e admirar a indescritível beleza do Glaciar Garibaldi.
Como o trekking era recomendado somente para quem queria algo mais “radical”,
escolhemos ficar no navio e não nos arrependemos.
O Glaciar Garibaldi é o mais bonito que você verá durante o cruzeiro, aquela imagem de glaciar clássica que está na mente de todo mundo: de um azul profundo, com picos dramáticos e brancos de doer, e uma morena central bem demarcada. Não conhecemos o Perito Moreno nem o Alasca, mas, pelas fotos de nossos amigos, podemos dizer que o Garibaldi, apesar de pequeno em comparação com esses outros lugares, não fica devendo nada no quesito beleza.
O navio fica diante do glaciar uns bons 40 minutos, tempo suficiente para apreciar, tirar muitas fotos e quase congelar no convés. Se você quiser saber como é a caminhada até a cachoeira, que era a outra opção de passeio nesse dia, nossa companheira de mesa, Tina Montana, autora do blog Go Where You Have Never Been descreve o passeio nesta postagem sobre o cruzeiro.
Dia 4: Glaciares Piloto e Nena *****
Para esse desembarque, recomendamos roupas bem quentes e impermeáveis. Não há nenhuma caminhada envolvida: você senta no Zodiac e não se levanta mais, então é inevitável sentir um pouco de frio, pois vai estar parado e tomando um vento gelado o tempo todo. No nosso passeio, ainda caía uma chuva gelada, o que aumentava ainda mais a sensação de frio. Mas não deixe nem o tempo ruim te desanimar: o passeio é o mais bonito de todo o cruzeiro.
Navegando em meio a grandes blocos de gelo. |
Glaciares Piloto e Nena. |
Na volta, o Zodiac chega bem perto das cachoeiras e, se os
passageiros tiverem espírito mais aventureiro (ou masoquista, chame como
quiser), o piloto dá um banho gelado nos que estiverem sentados na proa.
Dia 4: Glaciar Aguila *****
Depois de desembarcar nos Zodiacs, esse passeio começa com
uma caminhada bem fácil e muito bonita ao longo de uma praia de seixos. Os
guias dão explicações sobre a microflora local e é até possível avistar aves
como o martim pescador.
No final da praia, virando à direita, você entrará numa baía formada pelo glaciar, que está se retraindo. O lugar é mágico e muito calmo, e você poderá chegar bem perto do glaciar. Há uma distância a ser mantida por motivo de segurança, mas mesmo assim se chega muito perto dele.
No final da praia, virando à direita, você entrará numa baía formada pelo glaciar, que está se retraindo. O lugar é mágico e muito calmo, e você poderá chegar bem perto do glaciar. Há uma distância a ser mantida por motivo de segurança, mas mesmo assim se chega muito perto dele.
Na volta para o navio, fomos presenteados com a visão de um
lindo arco-íris, e nosso navio estava bem no meio dele! Coisas que só na
Patagônia você poderá testemunhar.
Mais um desembarque que é feito logo cedo, antes do café-da-manhã. A vantagem é que os passageiros do cruzeiro têm a ilha, que fica bem pertinho de Punta Arenas, só para eles. Ao longo do dia, ela deve ficar bem cheia de turistas vindos da cidade próxima. Esse passeio sem dúvida será o preferido das crianças, pois não é todo dia que se encontram 140.000 pinguins espremidos em uma única ilha.
As trilhas dos humanos são bem demarcadas, é preciso respeitá-las e dar preferência aos pinguins quando querem atravessar na sua frente. Eles já estão acostumados com a presença do homem. Durante uma hora você poderá caminhar até a parte mais alta da ilha, onde fica um farol e um pequeno museu, e observar todo tipo de comportamento desse animal tão engraçado e encantador, bem como algumas famílias de gaivotas. O vento é constante, mas você não poderá tirar o colete salva-vidas no passeio (não há onde deixá-lo), então não coloque roupa demais para não passar calor.
Dia 5: Desembarque
Quem já fez cruzeiro sabe que sempre há procedimentos mirabolantes para o embarque e o desembarque. No caso do Australis, o processo é menos estressante porque é um navio pequeno. Mesmo assim, você deve fechar sua conta no final da tarde anterior ao desembarque, e suas malas têm que estar a postos do lado de fora do quarto até um horário determinado na manhã do último dia. No momento do fechamento de sua conta, você deverá pegar fitas de cetim (uma cor para cada deck do navio), que serão amarradas nas malas para identificá-las no terminal. Coloque uma em cada mala e não se esqueça de trancá-las com cadeado.
Nesse momento também você pode colocar as gorjetas para toda a equipe num envelope e depositar na caixa localizada na recepção.
Ao chegar a Punta Arenas, antes do desembarque solicita-se que todos fiquem esperando no lounge, até que os procedimentos de imigração tenham sido concluídos. Se quiser ser um dos primeiros a sair, fique perto da entrada e, assim que a tripulação der o sinal, desça as escadas em direção à recepção, que é o local de embarque e desembarque por terra. No terminal, os procedimentos de alfândega são bem simples.
Ao sair, você verá muitos taxistas e o pessoal dos transfers aguardando seus passageiros com as plaquinhas de nome nas mãos. Se você for sortudo como nós, e seu destino final for o Explora Patagônia, eles têm uma mesa de atendimento no terminal, onde você entregará suas malas, seguirá para a van e será levado em uma (longa) viagem de 5 horas até o hotel.
Em nossa próxima postagem, não perca todos os detalhes sobre nossa estadia no maravilhoso Explora!
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Olá! Sou repórter do jornal Correio Braziliense e estou com uma matéria que vai tratar sobre quais são os maiores gastos de uma viagem.
ResponderExcluirGostaria de saber se vocês topam conversar comigo para mostrar quais são eles em uma viagem em família.
Será possível?
Aguardo retorno e agradeço desde já.
Meu e-mail: rafaelcampos.df@dabr.com.br